terça-feira, 5 de maio de 2009

Corrupção no Senado





O PSOL sugeriu nesta terça-feira a instalação de CPI no Senado para investigar denúncias de desvios de recursos da Casa Legislativa em um suposto esquema de corrupção revelado por João Carlos Zoghbi, ex-diretor de Recursos Humanos da instituição. O senador José Nery (PSOL-PA) disse ser favorável à instalação de CPI para que o Senado investigue a fundo os contratos firmados com empresas terceirizadas, conduzidos por ex-dirigentes da instituição.
Nery disse que o Conselho de Ética do Senado também deve investigar a suposta participação de parlamentares no esquema --uma vez que Zoghbi insinuou que os senadores Romeu Tuma (PTB-SP) e Efraim Moraes (DEM-PB) teriam participação nos supostos desvios de verbas. "Caso este câncer tenha, na sua metástase, alcançado e envolvido algum senador ou senadora, caberá ao Conselho de Ética apurar com igual rigor estas condutas. Vamos tomar providências eficazes. Não é suficiente apenas ganhar tempo, apostando que a poeira das críticas da imprensa perca peso. É necessário resgatar a imagem do parlamento brasileiro, mas isso precisa de medidas duras e de vontade política de todos", afirmou.
Nery ainda sugeriu que o Senado encaminhe representação ao Ministério Público Federal para investigar as denúncias, assim como defende o afastamento "preventivo" de todos os servidores citados nas denúncias.
Os senadores, no entanto, estão resistentes à instalação de CPI para investigar a própria instituição. Nos bastidores, os parlamentares avaliam que a comissão poderia desgastar ainda mais a imagem do Senado, assim como prejudicar senadores que têm ligação com servidores da Casa suspeitos de comandarem o esquema.
"A CPI traz uma crise sem fim para o Senado. Isso é uma solução extremíssima. Temos que esgotar outras possibilidades", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Acareação
Em outra frente, a oposição pediu nesta terça-feira que Zoghbi e Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado, prestem depoimentos à Mesa Diretora para explicar as denúncias. Zoghbi acusou Agaciel de comandar um esquema de corrupção no Senado com o desvio de recursos da instituição, enquanto o diretor é acusado de usar o nome de sua ex-babá como laranja em empresa que atua como correspondente de bancos que oferecem empréstimos ao Senado.
O PSDB vai encaminhar pedido a Sarney para que os dois sejam ouvidos. O partido não descarta sugerir a acareação de Zoghbi com Agaciel com o objetivo de esclarecer as denúncias. "Não é tolerável que tenhamos o senhor Agaciel ou o senhor Zoghbi arranhando a imagem do legislativo brasileiro. O PSDB quer investigação a fundo. A mim não interessa participar do Congresso do jeito que ele está. Do jeito que está, eu prefiro ir para fora", disse Virgílio.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) cobrou investigações rigorosas do Senado para investigar os desvios de recursos. "Eu não faço prejulgamento e acho que ele tem amplo direito de defesa. Mas me parece muito grave a denúncia de que um funcionário do Senado que tinha funções administrativas relevantes possa ter um conjunto de empresas, por meio de laranjas, recebendo dinheiro de bancos ou instituições financeiras que prestaram serviço de crédito consignado para o Senado. Isso é absolutamente inaceitável", afirmou.
Denúncias
Em entrevista à revista "Época", Zoghbi acusou Agaciel e os senadores Romeu Tuma (PTB-SP) e Efraim Moraes (DEM-PB) de participarem de um esquema de fraudes em contratos do Prodasen (Sistema de Processamento de Dados), na comunicação social e no serviço de taquigrafia do Senado.
Zoghbi, por sua vez, admitiu ter usado o nome de sua ex-babá Maria Izabel Gomes para ocultar os filhos como verdadeiros donos da empresa Contact, que atuava como correspondente de bancos no bilionário mercado de empréstimo consignado no Senado.
Ele e sua mulher, Denise --ex-diretora do Instituto Legislativo Brasileiro, exonerada após a nova regra sobre nepotismo ser aprovada--, afirmaram que há corrupção nas contratações no Prodasen (Sistema de Processamento de Dados), na comunicação social, no transporte, na vigilância e no serviço de taquigrafia da Casa. O casal diz ainda que Agaciel é sócio de todas as empresas terceirizadas que têm contrato com o Senado.

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